Sobretudo
quarta-feira, março 30, 2005
  os recomeços
matar a imagem.

há dias perguntaram-me qual o título que escolhia para finalizar o blog. entre um estudo sobre arcas e um poema de e e cummings, a resposta foi "matar a imagem" (o primeiro livro da atp)
 
 
há um lugar perdido na memória de raymond: o subúrbio com casas de 2 andares mais sótão e longos jardins abandonados. arcas enormes, com relevos desenhados e fechaduras de linguetas douradas, que guardam a matriz de decalque.

raymond ouvia
"here began all my dreams"

é, na forma mais cru, o lugar que não leva a lado nenhum.

desligou o autorádio e carregou no comando.
 
segunda-feira, março 28, 2005
 
drivin' on 9
you could be a shadow
beneath the street light
behind my home

wondering what's right
 
quarta-feira, março 23, 2005
 
off (lights). the lights are golden.
off.
ohh (life). the lights were golden.
ohh.

whenever i wake up i try and pull the shades up
journey through this whole wide world i made up
 
terça-feira, março 22, 2005
  flay
a chuva era um rumor que se espalhava pela casa

e a casa de venice beach tinha outro sabor às quartas feiras de manhã. uma câmara ardente de som por onde clay irradiava

one bone and blood mass we fuse
And I can be a beast for thee

entretinha-se com revistas antigas da vida ("life" magazines) esquecidas e espalhadas pelas divisões

give you muscle, tone and tears
overcome and flay all fears

entre devoções de simpatia e máscaras de sossego, sempre retirava menos do medo e de sentir-se horrivelmente mal

happily a beast for thee
quietly a beast for thee
endlessly a beast for thee
 
  fuga (leaklink)
ir ao ainda outro dia é uma oportunidade de visitar londres nos finais dos anos 60, ir a concertos dos cream e figurar no zabriskie point.
 
domingo, março 20, 2005
 
lloyd hopkins, sozinho num clube que não conhece, aguarda que o saxofone de art pepper levante com o besame mucho
 
sábado, março 19, 2005
 
I made a small small song (...) I sang it all night long All through
The wind and rain
Until the morning came


This song is my small song (...) I sang it all night long And when
The morning came
I had to start all over again

My song is so so small (...) I could get down and crawl Searching from Wall to wall
And never see
Anything at all

How could you hate
Such a small song? (...) If I was right I would be wrong Don't be afraid
It's just a small song
 
sexta-feira, março 18, 2005
  smth mst brk
nem se lembrava de ligar a televisão,
dias e dias sem jornais, rádios, telefones.
e o calor... aparecia de todo o lado.
a casa da praia em venice. esperava que o tempo passasse, que acontecesse qualquer coisa.
sentia-se realmente sozinho. adormecido.
se encontrasse a cassete ainda ouviria o something must break; mais do que isso não

 
quarta-feira, março 16, 2005
  buddy
woo-ee-oo i do just like buddy holly
Oh-oh-oh, and i'm never tired or bored
 
  33
os estudos concluíram que billy queria aproximar a sua depressão ao sofrimento de Cristo na cruz.

o sacrifício, vontade, ressurreição.
provavelmente, billy chegou a um ponto na sua vida em que sentiu a dor de todos.
 
segunda-feira, março 14, 2005
  33
deep in thought i forgive everyone
 
domingo, março 13, 2005
  inarticulados
small change ouvia passos no andar de cima. em volta sobre o old linoleum floor

e sons agudos, inarticulados

decidiu ligar a jukebox que estava repugnante com restos de frango e cerveja entornada colados ao vidro. pensou que gostaria de ter como laje de túmulo um aparelho daqueles. pelo menos de noite, o néon serveria de repelente a todos os cabrões necrófilos que quisessem mijar-lhe em cima

restavam poucos nighthawks at the diner; destrocou a five-dollar bill amarrotada e escolheu all i have to do is dream dos everly brothers

when i want you in my arms
when i want you and all your charms
whenever i want you, all i have to do is
dreeeeeeeeam
cantarolava enquanto mascava uma pastilha elástica, pensava nos cromos de baseball e no sobretudo que vira na montra dos armazens

only trouble is, gee whiz
I'm dreamin' my life away




mantinham-se os passos sobre o soalho de linóleo; abafados e com uns guinchinhos que interferiam com o sonho; uma frequência que o perturbava
 
quinta-feira, março 10, 2005
  sideways
I'm searching for my mainline
I said I couldn't hit it sideways
 
terça-feira, março 08, 2005
  escala
veneza, na califórnia, foi, durante imensos anos, o lugar favorito de clay.

as noites chuvosas, dissimuladas entre estações de rádio e filmes antigos, decorriam enquanto sorvia copos licor e encenava um espaço que derivava sem ele. prorrogava as noites resguardado-se das ruínas de los angeles; entregue à irradiação de rock clássico e ao aluvião de imagens na escala de cinzentos.

as resistências eléctricas, com que aquecia a sala, projectavam uma sombra incandescente sobre o estuque branco e o linóleo flutuante; mantinha as luzes desligadas deixando que a ansiedade esboçada da fonte de calor sobreviesse o aluvião de imagens na escala de cinzentos.

segurança, confiança.

"sentado na parte de trás do velho trólei que rangia, lamentoso, entre duas estações vazias, cobertas de confetti. apenas eu, e a grande carruagem de madeira, que gemia. e lá à frente, o condutor, e o bater das alavancas de metal, o chiar dos travões, e o vapor que se escapava de vez em quando"

regressava sempre a los angeles, refeito pelo torpor de venice beach, califórnia e saciado das imagens na escala de cinzentos. repleto de um espaço que derivava sem ele.
 
segunda-feira, março 07, 2005
 
lloyd cumpria a indicação de afastar-se.
depois do brilho, do palco, da cena

seasons don't fear the reaper,
nor do the wind, the sun or the rain...
ouvia-se da rádio

sentia-se extraordinário com sol da manhã e o movimento;

here but now they're gone
came the last night of sadness
yeah

afastava o pessimismo, a ansiedade e o medo duranta sedição; focava apenas a sua deslocação

the curtains flew then he appeared
saying don't be afraid
come on baby

e o canto com medo tinha desaparecido; e enquanto o sonho se desfazia ele não estava lá

she had become like they are
she had taken his hand
lallalala
 
quarta-feira, março 02, 2005
  miríade
ainda não conseguira adormecer;

havia uma lâmina escondida dentro da roupa de cama. o pensamento em volta regressava sempre à forma inicial: o corpo esquartejado e os lençóis empastados de sangue. a mentira que, transformada por uma dose generosa de fármaco, correu pelos seus sonhos, atravessou o filtro de névoa carmim e imaterializou o corpo. a sublimação em vapor capaz de passar pelas portas trancadas por dentro.

hostel miríade, montevideu.
um fugitivo a monte há mais de 15 dias. o mapa das estradas no chão de alcatifa, uma muda de roupa espalhada pela cómoda e a chave presa à corrente de prata que usava ao pescoço. tinha de pensar no pequeno-almoço. doíam-lhe os dentes; era uma higiene irregular a que se sujeitava. a mente estava colocada em outubro iluminada pelas fogueiras da praia e transformada pelo ritmo.
 
Run from the fuzz, the cops, the heat Pass me your gloves, there’s crime and it’s never complete Until you snort it up or shoot it down You’re never gonna feel free

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