escala
veneza, na califórnia, foi, durante imensos anos, o lugar favorito de clay.
as noites chuvosas, dissimuladas entre estações de rádio e filmes antigos, decorriam enquanto sorvia copos licor e encenava um espaço que derivava sem ele. prorrogava as noites resguardado-se das ruínas de los angeles; entregue à irradiação de rock clássico e ao aluvião de imagens na escala de cinzentos.
as resistências eléctricas, com que aquecia a sala, projectavam uma sombra incandescente sobre o estuque branco e o linóleo flutuante; mantinha as luzes desligadas deixando que a ansiedade esboçada da fonte de calor sobreviesse o aluvião de imagens na escala de cinzentos.
segurança, confiança.
"sentado na parte de trás do velho trólei que rangia, lamentoso, entre duas estações vazias, cobertas de confetti. apenas eu, e a grande carruagem de madeira, que gemia. e lá à frente, o condutor, e o bater das alavancas de metal, o chiar dos travões, e o vapor que se escapava de vez em quando"regressava sempre a los angeles, refeito pelo torpor de venice beach, califórnia e saciado das imagens na escala de cinzentos. repleto de um espaço que derivava sem ele.