Sobretudo
à volta da realidade.
como um sentido indirecto. havia um telefone sobre o soalho; as revistas, o cadeirão, os sofás e um fio que atravessava a sala. levara a televisão para o quarto.
escrevia nas páginas preenchidas por fotografias; sobre as imagens. afastava-se dos espaços de texto dos artigos e colunas. evitava a publicidade.
descrevia o que via. como um objectivo. como os livros que lhe davam para colorir.
sobre as imagens das
life magazines. ao longe os barcos de flores...
entrada do diário de raymond 16/07/1984
i won't returnjust for a momentdoes it ever dawn upon theeto do things for meresvalava; não discernia as estações, trocava os sentidos.
por um momento confiara que tudo se resolveria; que a providência encarregar-se-ia de regenerar os tecidos, cicatrizar as falhas e defeitos que o ocupavam.
não regressaria a um momento perdido, sem valor.
os quartos trancados por dentro. o jogo de sombras.
e sempre a emoção depurada a sobrevir ao desassossego. sempre o mesmo. sempre mais do mesmo.
lembrava-se dos dias passados no verão sobre a areia.
a projecção. a ascensão e queda numa década; as fitas magnéticas negras com vozes azuis.
resvalava; adormecia sempre na mesma posição.
i am tired, i am weary
i could sleep for a thousand years
a thousand dreams that would awake me
different colors made of tears weary será desgastado, saturado;
há uma correspondência entre as noites de sono e o sonho.
bem! o reconhecimento da
womblabel vem da alemanha! do país do pete namlook. não vou negar uma sensação de vitória e um sorriso late night de satisfação.
de qualquer forma, e porque estamos muito satisfeitos, vamos oferecer edições manufacturadas de um disco com as músicas que estão no:
) SORRISO ( : para quem mandar um mail para a
womblabel. mais informações no
site.
o sr. dos caminhos sentia o solo sobre si. o ar , as partículas, a sombra, a floresta comprimiam-no ficando dormente, encaixado...
um corpo imóvel comandado por uma mente imóvel
agarrou uma mão cheia de terra e musgo, livre arbítrio e coragem
depois de ouvir o
spaceport do aqob (a última release da
womblabel) perdi a motivação de continuar a fazer música. no bom sentido; no sentido de que está tudo feito, da obra que chegou ao fim. que está na altura de passar para outro espaço. parabéns.
sinto-me orgulhoso e feliz por, de uma forma muito mínima, logística, contribuir para esta(s) música(s) aparecer(em)
a piano plays in an empty room
as long as the hand that rocks the cradle is mine
as long as the hand that rocks the cradle is minethere will blood on your fingers tonight
clay lia um artigo da life magazine sobre a vida no deserto. a imagem de uma praia que se extendia em todos sentidos fascinava-o. um sonho prololongado, sem termo, sem finalidade.
-então o que é que achas dos espaços livres de vida?clay não compreendeu imediatamente a pergunta; estava demasiado concentrado na imagem para estabelecer a relação.
-ah? perguntou
blair riu-se e não repetiu.
-o que é que disseste? insistiu clay
blair não desviou o olhar da revista. o próprio efeito era fingir que não ouvia, que não tinha interesse, que não tinha existido. um sorriso denunciou o jogo.
clay percebeu o sentido.
-eu gosto do deserto, dos espaços livres da vida...-uh uh. lacónica; acenando com a cabeça sem o confrontar com o olhar. sorriam
um silêncio enquanto liam as life magazines.
de súbito clay lembrou-se:
-é como o céu aberto sobre a cidade dos anjos
o sr. dos caminhos movia-se sem fazer nada na orla do lago.
era tudo mais bonito à noite quando não se via o sujo.
queria mudar (gostaria de pelo menos tentar) .
viver uns dias de um ano perdido; passar pelos espaços abandonados.
deixar a casa no meio dos pinheiros com vista para o lago.
mas era tudo mais bonito à noite quando não se via o sujo.
ouvia o rumorejar dos passos. se parasse.
se parasse talvez desaparecessem.
como na igreja quando ouvia o fogo sobre si.
era mesmo tudo mais bonito quando o escuro da noite crescia
e as fogueiras brilhavam nas montanhas.
ia ficando mais culpado... com o tempo, com o torpor e inércia
Come in Come in For one last dinner That I will make you
Come in Come in It is a small one For I am no cook
You have a long way Where you are going No longer welcome
And I am happy Yes I am happy You will be leaving Things will be changing
For you
You have done much for me But now you're leaving It's back to Egypt
That you are going They are not family They are not friends But a false history
And you aren't sorry
Come in Come in Or am I silly For saying such things Am I implying
That you must come againestive dois ou três anos sem ouvir o "come in". a primeira ideia que surge quando leio um poema do will oldham é o
Velho
Testamento. num sentido originário, primordial.
possivelmente esta é uma canção ímpia com a culpa no final (unção) a redimir os defeitos da vida antes de
Deus. (por existir uma vida
depois).
e há sempre o receio pelos versos que não rimam
a narrativa tece-se assim da acumulação da repetição
novas edições na womblabel
não fui figurante no zabriskie point, não toquei guitarra rítmo nos velvet underground, não ajudei a construir a golden gate bridge, perdi todas as revoluções. desperdicei muito tempo.
de qualquer forma, desta vez eu estava lá. e concretamente, vi esta música
"evolucionar" para uma matéria diferente. sublimar.
da minha série favorita (as músicas de depois do ano novo) a
womblabel lança mais uma obra perfeita.
(paralelamente, vai ser colocada uma música minha: "all over the land". as explicações estão algures nos archives do
aindaoutrodia)
What's on the other side of the big looking hill
Gather your courage gather your free will
I can do without it
I can always shout it
Let me be myselfYour head disappears on over the rise
And then I seize upon the time that it buys
I can do without it
I can always shout it
Know let it be soDance all around try to recruit
Exiting finally your bestial gallery
I can live without it
I can always shout it
Let it be
let us wallow, let us play, this is our God's daylet us wallow, let us play, this is our God's daylet us wallow, let us play, this is our God's day"o tempo acaba sempre por passar escurecendo o quarto. desaparece."
sobre um sentido perdido.
raymond percutia a mesa com os dedos.
ansioso enquanto escrevia a entrada do diário
"há um sentido perdido...vejo as paredes, elevadores, ouço o barulho das pessoas, o ruído das obras; a estação...sinto-me agoniado, com naúseas, eufóricoapercebo-me das divisões frias, das deslocações de ar...e das coisas que faltam... e do sentido perdido"levantou-se para pôr o telefone no descanso e desligar a televisão (standby). jantara muito cedo e apetecia-lhe um copo de leite quente.
"chegar, aceder as coisas que faltam por um sentido perdido. um mundo desconhecido que segue por uma vereda camuflada entre terra, pedras e aldeias."desligou o microndas, tirou um pão do saco e barrou-o de manteiga com sal. aquecera demasiado o leite (quiemava)
"os planos de Deus são muito friáveis; as nuvens que se sobrepõem, intersectam."não se conseguia apoiar
saucers
a
womblabel gerou mais uma música para a grande esfera (o mundo).
começo a acreditar que haverá um ponto em que se perde o controlo das explosões que irão suceder-se no céu de forma natural.
as capas dos discos são brilhantes!