impaciente
o sr. dos caminhos precisava de falar com o homem do rio, uma consulta sobre a dama do lago. seguia pelo carreiro da nascente, evitando a sarça e as silvas que se projectam na vereda.
sentia as agulhas verdescuras e as esquírolas secas ferirem as pernas.
sr. dos caminhos: "queria-lhe falar sobre as coisas de hoje e das folhas que caiem..."
homem do rio: "nem todos os que por cá passam querem alguma coisa... as folhas que caiem...sim."
sr. dos caminhos: "sim?"
o homem do rio iniciou o monólogo da condescendência "nem sabem se hão-de rezar para ficar ou para explodir com o céu..." .
o sr. dos caminhos ouvia o longo e repisado discurso sobre as vias da dor (e sua supressão). sentia-se inquieto, ansioso e queria mudar de matéria. de súbito interrompeu "vim falar-lhe de outro assunto".
o homem do rio perscrutou-lhe a decisão impaciente.
sr. dos caminhos: "tenho um plano para o tempo. a dama do lago... conte-me sobre o fluir do rio..."
"...e o que a noite revela no tempo estival" completaram em conjunto.
falaram durante mais algum tempo. no final o homem do rio pediu-lhe que regressasse em breve.