Sobretudo
sexta-feira, abril 22, 2005
  dia para a noite
clay acenava. (nem sabia do que se tratava)

blair queria destinar o jantar, mas o máximo que conseguia era "como quiseres".
absolutamente desorientado com o calor de agosto. ia regressar nesse dia à cidade dos anjos e ouvir discos durante a noite: sempre era preferível que adormecer com lorenins.

sentia a perda do território. afinal, venice beach devia-lhe a vida.
não entendia as ruas cheias de estranhos, instalados nas esplanadas, profanando a selva de concreto.

"e vamos ao concerto?" "pois" "jantamos antes?" "como quiseres"
gostava de concertos. iria ser agradável afastar-se por uns dias da praia de veneza; regressar à cidade dos anjos. à vida que decorria sem ele.

"se todos os anjos fossem terríveis..." "...porque insistes em cumprimentá-los e lhes desejas sempre as boas vindas" completou blair simulando uma expressão enfadada "acabas sempre a dizer as mesmas coisas"
não houve reacção. "sirvo-te mais um copo de vinho?" "pode ser"

apreciava o vinho que tinham escolhido. fez sinal ao empregado para deixar ficar a garrafa.
"esqueci-me de telefonar" "para onde?" "para casa" "para casa?" "sim para casa dos meus pais" "ah, pois, não estava a ver como é que tu ias telefonar sem termos telefone"

"era uma coisa que podíamos fazer - ir à companhia dos telefones?" "pois - mas... se ainda não decidimos nada!" riu-se "pois"

regressaram às life magazines

"estou ansiosa por voltar às festas e às discotecas"
"queria falar com os meus pais" indiferente
"sim! (indignada) isso também - estava a falar por falar. para não estar calada"

"mas vão ser uns meses muito diferentes desta pasmaceira".
"do dia para a noite" pausado

"está bem. vamos embora?"
estavam sentados e aguardavam a conta

o empregado aproximou-se para receber o dinheiro. "pela nova autoestrada chega-se mais rápido à cidade dos anjos?" perguntou blair, protegendo com o braço os olhos do sol.
"do dia para a noite" veemente "não tem mesmo nada haver"
"é como o dia para a noite (confiante) não é? sr...?" um gesto de pergunta "chamo-me farina, ao seu dispôr. é verdade (voltando ao que interessa): daqui a la é um instantinho"
clay ainda insistiu"a nova estrada veio alterar tudo". "como o dia para a noite" reforçou.
 




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