aquecimentoo sr. dos caminhos preferia mudar lentamente. por um longo e reservado sweep.
percorria, resignado, a vereda calcinada pela geada.
a primeira coisa que sentia nos dias da montanha era o mau tempo; o tempo próprio da manhã. mesmo antes de terminar o sonho, uma húmidade fria prendia-lhe as articulações e paralisava-lhe a espinha. acabava por se deixar ficar tolhido na cama. acordado. consciente do movimento que o aquecia.
o sr. dos caminhos preferia mudar lentamente. sempre mais de dez, quinze anos num um movimento longo e reservado.
percorria, inanimado, a vereda carbonizada pelo mau tempo.
bebia o café da manhã forte e azedo, fervendo a água pura que recolhia no lago, na velha chaleira queimada por um tempo demasiado longo e imperfeito. embrulhava-se em mantas com fiapos que entravam dentro dos copos, do lume, da gordura.
o sr. dos caminhos preferia mudar lentamente. gostava de tudo preparado para seguir a frequência grave e subhumana da oscilação.
percorria, consolado, a vereda cauterizada pelo frio.
todas as manhãs definia uma órbita em torno do lago. um limite para a sua caminhada pela vereda, cercando as àguas paradas ,ao largo das ondas de brincar. eram as passadas deliberadas (livres) e indiferentes aos salpicos de lama que as botas levantavam. todas as manhã definia uma curva ao longo do lago. era o movimento que o aquecia.
¶ terça-feira, abril 05, 2005
Run from the fuzz, the cops, the heat
Pass me your gloves, there’s crime and it’s never complete
Until you snort it up or shoot it down
You’re never gonna feel free