Sobretudo
esquecer o passado
um amigo meu, visitante regular desta coisa, referiu-se ao blog como "vivendo agarrado ao passado". não vejo que seja verdade.
a maior parte das vezes eu nem me lembro do passado.
é provável que o john cale tenha escrito os fragmentos de uma estação chuvosa e que o chinese envoy seja a obra prima musical do século; mas é o último disco do perry blake que me interessa. é muito provável que o nick drake tenha cantado o five leaves left e que o riverman seja o poema definitivo. mas é o devendra que ouço. e o disco das cocorosie é o melhor de sempre. o mau tempo no canal é um livro perpétuo mas é o matar a imagem que reverencio. e a lista continua com o lost in translation. claro que há dias vi o one from the heart e que talvez tenha comprado a série do polvo; mas é do delfim, dos sapatos pretos e de respirar debaixo de água que me apetece falar. e sempre que posso viajo; e sempre que posso faço música nova, planeio editoras e organizo a guerrilha.
vale a pena haver esta sucessão de anos com coisas novas.
um 2005 cheio de coisas novas.
telefone fixo
m para matar a imagem
disque "m" para "matar a imagem"
o livro vinha no meio de uma sacada de policiais que comprei na feira do livro do jardim da sereia. por atacado. o meu início na literatura policial portuguesa.
devem ser as referências que estabelecem uma nova linguagem portuguesa; a nossa modernidade.
o sonho; os mler if dada, a lassidão, a cor cinza que o mantém vivo.
a chuva (nos livros de ana teresa pereira chove a maior parte dos dias),
a noite de janeiro; quartos alugados, discos,
agasalhos; paredes geladas
a noite em janeiro; o regresso a uma casa de paredes altas com um frigorífico;
disque "m" para "matar a imagem"
foi editado numa colecção de policias da editora Caminho.
o livro não é um policial.
mas é de certeza um caminho.
quadra
todos nós temos a betinha na voz
natal
finalmente uma calma ok tomou conta de mim
o sofrimento e os polícias armados perderam a realidade
eu retenho menos do medo e de me sentir mal
bem vinda
a Sara, a nossa (a)gente no porto, visitou o blog!
O Superman. O judge. O Mom and Dad. Mom and Dad.
O Superman. O judge. O Mom and Dad. Mom and Dad.
Hi. I'm not home right now. But if you want to leave a
message, just start talking at the sound of the tone.
Hello? This is your Mother. Are you there? Are you
coming home?
Hello? Is anybody home? Well, you don't know me,
but I know you.
And I've got a message to give to you.
Here come the planes.
So you better get ready. Ready to go. You can come
as you are, but pay as you go. Pay as you go.
And I said: OK. Who is this really? And the voice said:
This is the hand, the hand that takes. This is the
hand, the hand that takes.
This is the hand, the hand that takes.
Here come the planes.
They're American planes. Made in America.
Smoking or non-smoking?
And the voice said: Neither snow nor rain nor gloom
of night shall stay these couriers from the swift
completion of their appointed rounds.
'Cause when love is gone, there's always justice.
And when justive is gone, there's always force.
And when force is gone, there's always Mom. Hi Mom!
So hold me, Mom, in your long arms.
So hold me, Mom, in your long arms.
In your automatic arms. Your electronic arms.
In your arms.
So hold me, Mom, in your long arms.
Your petrochemical arms. Your military arms.
In your electronic arms.
bem vinda! achei que uns fonemas da laurinha são sempre adequados como cumprimento!
conseguimos (o tiago consguiu) acabar o disco antes do natal!
super mercado
o primeiro filme que vi cá em casa foi o spider. no dia em que comprei a televisão e o leitor de dvd (ainda sem móveis e lâmpadas na sala) aluguei o filme e iniciei a odisseia pelo home cinema. gostava de escrever sobre os filmes: a minha ideia de que só acabamos de ver um filme na memória; (e gostava de viver num mundo livre e usar os diálogos)
"morvern callar" o supermercado, as casa de dublin e a espanha.
super mercado.
a verdade é que estamos perdidos no super mercado.
e a decepção nas parteleiras;
surpresa desagradável;
logro;
desilusão.
"i get less from fear and feeling awful bad"
(retenho menos do medo e de me sentir horrivelmente mal)
pastelaria
há uma pastelaria em viseu que tem o bolo: "madrilenos".
menos mais
yo soy playero pero no hay playa
oh my golly! oh my golly!
la vida total es un porqueria, porqueria
oh my golly! oh my golly!
hecho de menos mas que vida
oh my golly! oh my golly!
hecho de menos mas que vida
hecho de menos mas que vida
hecho de menos mas que vida
hecho de menos mas que vida
1993
e o "that" do título.
1992
cinema twist
de uma assentada vi os filmes "sapatos pretos", "portugal sa" e "o delfim" que confirmaram a minha ideia de identidade do cinema português. gostei muito (o portugal sa é o mais fraquito). há sempre uma verdade escondida, velada pela vergonha e desonra.
fico sempre com a dúvida se será a vergonha ou o segredo o fuelóleo das nossas películas.
o medo de belarmino.
a estação de seviço dos mutantes.
os ossos.
os andares dividos no bairro alto de alta fidelidade.
a escarpado lugar do morto.
já é tarde: to be continued...
o que o rui reininho canta é "não quero ir para o céu, só quero twistarte"
mármore
mais diferenças da pedra usada nas lajes
achas na fogueira
light me with your
candle and watch the
flames grow
high
no, it doesn't have to
try it doesn't have to
try
balanço
há um balanço do rio que se percebe mal. os investigadores já se encontram no local a recolher a evidência de cordas. sextetos em viena salientam que "you are looking for the wrong guys" com sotaque austríaco. continuam as chamadas de instambul. mobilização de revoltosos no sul. distribuição de massas. com esparguete, bolonhesa, portugal sa onde tudo se vinga. tudo se vinga. já houve quem chegasse à máxima (revista) que tudo se compra. tudo se vinga. domingo à tarde. what a day for a daydream. daydream natiom. foggy notion. motim juvenil. em paris lutam pelo cineclube. em portugal pelo clube de vídeo. a rádio relata o académico. hoje fui a um jantar/festa e no final cantámos viseu linda cidade viseu. que saudades das tardes passadas no fontelo a ver o académico. desciamos, subiamos, mantinhamos. mas as tardes no estádio. no
coliseum. às 14 horas combinávamos em repezes; arrancavamos para o fontelo. cachecóis. bandeiras. hoje ouvimos o relato na rádio e discutimos as "incidências" ao telemóvel. o portugal dos telemóveis. continuamos a saber de cor o nome dos jogadores. mas nunca os vimos jogar. e a morte existe mesmo. não é uma metáfora que serve ellroy, poe e darko. nos livros do douglas coupland ninguém morre. mudam. mas que me lembre e assim de repente ninguém morre. "portugal sa" o filme. tudo se vinga. também há vingança no "sapatos pretos". nos "os mutantes" não há vingança. vingança não é uma metáfora que sirva ellroy.
put me in your suitcase let me help you pack 'cause you're never coming back no, you're never coming back
at the hop, it's greaseball heaven with candy pants and archie too
wrap me in your marrow stuff me in your bones sing a mending moan a song to bring you home
portugal onde se vinga
por vezes de nós mesmos
sabres
sentido
os meus lábios formam um sorriso quebrado:
é o sinal que não vou responder.
a felicidade não passa por disparar sem sentido.
e não vou responder.
e os sabres do paraíso vêm ao som do wilmott
e haverá sangue nas faixas sem sentido.
sentido único.
a primeira frase é das azure ray.
ganhar vida
céu é o nome do jogo
que ganhou vida.
e surpreendido pela ascenção
derrotado pela ilusão,
céu é o nome em que acredita.
derrubado pelo degrau de mármore
a face da terra,
céu é o nome gravado na fita
a cortesia dos estranhos
afastada a questão,
céu é o nome porque grita
começou por ser um tradução esbatida do "you may know him" da cat power; mas tomou outro rumo e não tem relação.
armageddon
proteins colliding
este post começou com versos do devendra banhart (o niño rojo está em rotação contínua nos meus estéreos) mas foi apagado porque me apeteceu falar da tanya donelly (hoje fiz uma viagem a ouvir o lovesongs for the underdog).
a menina nasceu na ilha de rhodes em 1966. não terá sido bem no mediterrâneo nem no sítio onde fazem os pianos eléctricos fender rhodes... o ltj bunken disse numa entrevista que o fender rhodes tem o som mais sexy da música electrónica. na minha opinião é grande um objecto decorativo (o pequenino rhodes 54 ficava a matar no meu sótão): na música, nos vídeos, nos estúdios etc. a música da tanya donelly não tem pianos fender: tem guitarras, pedais e amplificadores; a marca de guitarras que ela prefere é greene&campbells, os amplificadores são sonic cords e, salvo erro, no vídeo do feed the tree aparece com uma gibson les paul vermelha. não sei que pedais de efeitos usa (mas são os melhores). foi em 1974 que conheceu a kristin hersh (antes dos pais casarem). começaram a tocar guitarra com as tablaturas dos beatles, pretenders e velvet underground. a propósito do "feed the tree": as letras são uma referência a uma queda de bicicleta dessa altura em que partiu os dentes "this little squirrel i used to be/ slammed her bike down the stairs / they put silver where her teeth had been / baby silvertooth, she grins and grins". conheceram o david narcizo e começaram as throwing muses. a kristin escreveu o "i hate my way" (eu gostava que não fosse verdade... se eu mandasse os créditos iam para a tanya; afinal de contas é a música mais importante das muses). breeders: em 1990 o pod e em 1992 o safari ep. depois a carreira com os belly e a carreira a solo. os discos são aclamados (pelo menos por mim). numa entrevista ela diz que a sensação não era nada má para alguém que começou a tocar guitarra porque não conseguia arranjar "dates" e que era muito estranho que, de repente, toda a gente a quisesse fotografar. do início, gosto muito do white belly e do angel. flutuar de costas, san francisco, lugares para dormir, escadas, cellars e anjos que alteram o curso do rio para correr junto à casa.
to be continued...
way too blue
way to(o) blue
o caminho para azul demasiado azul
nicolette
no government written by nicoletteproduced by plaidmastered at matrixengineered by tim merlinassisted by tanya esden & tobysnares played by john hamilton
esta é, para mim, a música prioritária do trip hop (nouto registo gosto muito do "it could be sweater dos portishead). a nicolette avança com um "ideal for a living".
No government is a way of life.
No government means to trust your friends.
o não haver governo é uma forma de vida
o não haver governo implica que confies nos teus amigos
I know who I am, and you know who you are.
e respeites.
If everybody knew what they wanted,
There'd be nothing, nothing left.
People would do what they wanted,
And there'd be no government.
Life is me, tempting, refreshing me,
Making me stretch.
My body is flowing, and happy, and feeling refreshed.
My choices, believe me, are infinite, easy.
Exciting and mystical choices before me.
They tell me my life is a journey in no government.
If everybody lived in their bodies,
We'd have so much, so much time.
Touching would be such a passtime,
And we'd have such lazy days.
We'd have such lazy days,
For we'd kiss them away.
People would worship eachother,
And we'd have loose, lazy ways.
No government is an easy time.
No government is an exciting life.
We work for ourselves and we love for ourselves,
And for government.
There'd be no suffering,
There'd be no government.
The people would see, and let them be,
And we'd have no government.
fotografia
http://sublinhar.blogspot.com/2004/12/anoitecer.html
é engraçado fazer um post com referência a um blog que não visito. mas esta fotografia é como a música dos smiths (the music that they constantly play it says nothing to me about my life)
mapas
made off, don't stray
well, my kind's your kind
i'll stay the same
pack up, don't stray
oh, say, say, say
oh, say, say, say
eyeless in gaza
a indiferença de anthony beavis.
diz-se do equilíbrio dos corpos, quando se mantêm em qualquer posição.
escudo
wayne coyne disse numa entrevista que gostava que o kevin shields fizesse mais música.
a minha admiração pelo kevin shields é enorme. acho que ele compôs (algumas com o'ciosoig) all the greatest songs e escreveu all the gratest words. as minhas favoritas são "thorn", "you made me realise" e "to here knows where".
o kevin shields nasceu em queens, nova iorque mudando-se a família para dublin quando ele tinha 6 anos de idade. o primeiro disco (o que não tem muito haver) foi lançado durante uma estadia da banda em berlim em que ouviam birthday party em doses apreciáveis.
em 1986 they moved to london (
http://maquete.blogspot.com/2004/11/they-moved-to-london.html). depois foi uma sucessão de editoras, eps e 2 discos.
agora (com 40 anos) sai a bso do
magnanimu lost in translation com 4 músicas novas. diz-se que o "city girl" foi a primeira "música" que o homem completou em 10 anos
entrvista ao the guardian: I ask Shields whether he secretly relishes his near-mythic status. "No," he replies. He seems to change his mind. "It's hard to explain. I live so much in my imagination. My version of reality is so different ... I don't necessarily connect with things. Yes, it is nice."
o link para a entrevista ao the guardian
http://www.guardian.co.uk/arts/fridayreview/story/0,12102,1167043,00.html